Organização do trabalho científico




Como tudo na vida, o trabalho científico torna-se mais produtivo quando bem organizado. Para facilitar o trabalho do pesquisador, a ABNT padroniza alguns métodos; sem, contudo, criar regras fixas e inflexíveis. Também autores como Severino (1980) preocuparam-se em publicar o seu próprio método de estudos para orientar os estudantes universitários.

De forma bastante didática, Severino nos introduz ao tema, dá diretrizes para organização do material de estudos e, finalmente, ensina como montar o texto resultado de um trabalho de pesquisa. Abordando o problema da captação de conteúdos, sistematização da aprendizagem e organização do material de uma pesquisa acadêmica, mostra-nos que a formação de um estudante de nível superior não deve (ou antes, não pode) ser passiva, e nem depender unicamente da memória. O exercício de registrar é extremamente importante para a formação sólida de conhecimentos específicos, principalmente para os graduandos, que lidam com questões de grande complexidade, muitas vezes sem conhecer-lhes as diretrizes.

Além disso, existe uma disciplina específica – a metodologia de pesquisa – que visa organizar as fórmulas de sucesso dos grandes nomes da ciência, além de repensar o espaço deste saber entre os conhecimentos acumulados pelo homem. Para conhecê-la melhor, fomos ler o manual introdutório de Magalhães (2005). 

Através das relações que estabelece entre os grandes nomes das ciências desde a Antiguidade Clássica, passando pelo Racionalismo e Experimentalismo, até as Ciências Modernas, Magalhães procura definir o que é conhecimento, informação, corrente científica, senso comum, ou seja, os conceitos mais elementares que deve dominar quem faz um trabalho de pesquisa científica em qualquer área do saber. Ele apresenta, ainda, a espiral do conhecimento como melhor método de construção do saber. 

Neste ramo, uma fonte online muito boa é a elaborada pelos professores da Universidade Católica de Brasília como material de apoio ao conteúdo do curso, http://www.ucb.br/prg/comsocial/cceh/normas.htm. Texto perfeito para consulta rápida e elucidação de dúvidas pontuais.

A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP também coloca à disposição de seus estudantes manuais específicos para padronização das teses e dissertações. São os livros de André Figueiredo Rodrigues sobre Metodologia Científica, vendidos a baixo custo pela Editora Humanitas, que se tornaram conhecidas obras-referência de padronização editorial mesmo fora da Universidade de São Paulo.

Mas o livro que elegi como principal pedra de toque nesse assunto é o manual de Umberto Eco. Foi principalmente seguindo os conselhos dele que tracei minha metodologia de estudos. A opção por Eco se deu a princípio pela coerência de incluí-lo como fonte nos meus trabalhos, já que ele também vem das Letras (passando pela Linguística) e se dedica também aos Estudos de Literatura e Cinema em seus trabalhos em Semiologia. E se afirmou ao longo da leitura do livro pela praticidade de suas orientações e maior dinâmica do formato de Fichário que ele sugere.

Meu Fichário de Estudos, em sua versão física e offline, é composto pelas seguintes fichas:
  • Fichas de Leitura ou Fichamentos: registros das leituras feitas, na forma de resumo ou resenha.
  • Fichas de Base: anotações de levantamentos bibliográficos, organizadas segundo a possibilidade de entrar em contato com o texto ou livro, se já fiz a leitura, se possuo o material.
  • Fichas de Citações: dispostas segundo a distribuição dos Fichamentos, armazenam passagens dos livros lidos que me marcaram e que creio terei ocasião de citar em algum de meus textos no futuro.
  • Fichas de Ideias: fixação de pequenos insinghts ou de noções que aprendi e que espero não esquecer. Uma espécie de mapa rápido de acesso a elementos importantes que guardo na memória. 
Este blog, como extensão online do meu Fichário, é composto por páginas que funcionam como Fichas de leitura simplificadas e de versões breves de pesquisas que fiz, com textos mais autorais.



Indicação bibliográfica:
ECO, Umberto. Como se faz uma tese em ciências humanas. Prefácio de Hamilton Costa. Trad. Ana Falcão Bastos e Luís Leitão. 13. ed. Lisboa: Editorial Presença, 2007. Original italiano de 1977.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. Diretrizes para o trabalho didático-científico na Universidade. 4. ed. São Paulo: Cortez & Moraes Ltda, 1980.
MAGALHÃES, Gildo. Introdução à Metodologia de pesquisa. Caminhos da ciência e da tecnologia. São Paulo: Ática, 2005.
RODRIGUES, André Figueiredo. Como elaborar referências bibliográficas. 7. ed. São Paulo: Humanitas, 2008. (Metodologias, 1).
______. Como elaborar citações e notas de rodapé. 5. ed. São Paulo: Humanitas, 2009. (Metodologias, 2).
______. Como elaborar e apresentar monografias. 3. ed. atual. São Paulo: Humanitas, 2008. (Metodologias, 3).
SILVA, Cristhian Teófilo da; SIMÃO, Daniel Schroeter; SASTRE, Ediberto Afanador; BOTAR, Eva Maria. Metodologia científica. CD de apoio às aulas. Material online no Site da Universidade Católica de Brasília.